A chegada do Passat, em 1974, expôs de forma dramática a idade do
Corcel. Outrora arauto da modernidade, o carro da Ford, lançado em 1968, já
entrava na terceira idade e era mantido praticamente com as formas de nascença.
O alarme começou a soar de forma estridente no QG da Ford, em São
Bernardo do Campo, ainda no ano anterior, quando o Passat foi apresentado na
Alemanha. Não demorou para que uma fila de ávidos compradores se formasse,
atraídos pelo VW refrigerado a água de linhas retas e inovadoras. A espera
chegava a ser de três meses pelo carro. Com data para ser lançado aqui no ano
seguinte, o sucesso do Passat alemão não poderia ser sinal mais claro para que
a Ford acelerasse a atualização de seu projeto vencedor. Até então, o Corcel
não havia sido ameaçado por outro carro da fábrica líder de vendas no mercado
nacional. Afinal, não seria o TL a ter cacife para afrontar o Corcel.
A resposta da Ford demoraria três anos e chegou nas formas
retilíneas do Corcel II. No visual, ele representava uma ruptura radical em
relação ao modelo original. Mas sua chegada não chegou a impressionar pela
beleza das linhas ou pelo desempenho. A própria campanha de lançamento frisava
tratar-se de um carro econômico, espaçoso e racional. Segundo o folder de 12
páginas publicado nas principais revistas, seu desenho, traçado em túnel de
vento, tinha por objetivo evitar ao máximo a resistência do ar, proporcionando
maior economia, apelo forte em tempos de crise do fim dos anos 70.
Dentre as escassas modificações mecânicas ele trazia como opcional
a ventoinha com embreagem eletromagnética, sistema que acopla a hélice do
ventilador à polia da bomba d'água, no momento em que a temperatura atinge 92
graus Celsius. Aos 87 graus, o sistema desliga-se, aliviando o trabalho do
motor, que assim pode empregar os 4 cavalos que seriam usados para movimentar o
ventilador para impulsionar o carro. Graças ao dispositivo e à melhor
aerodinâmica, o Corcel II atingia 137 km/h - ante os 130 do modelo 1977 - com o
velho motor 1.4. Na aceleração o ganho foi igualmente relevante: enquanto o
novo Corcel precisou de apenas 20,8 segundos para atingir os 100 km/h, o antigo
levou 22,9 segundos. A média de consumo ficou em módicos 12,7 km/l. Com tamanho externo praticamente inalterado, o novo Corcel tinha
arquitetura interna superior, fato testemunhado pelas pernas dos passageiros de
trás, que contavam com 30 centímetros entre os bancos, mesmo que o dianteiro
estivesse totalmente recuado para trás. No fim de 1978 a Ford atendeu o mercado
e lançou como opcional o motor 1.6 com 90 cavalos, 28 a mais que o 1.4. Junto
com o novo motor veio, também como opcional, o câmbio de cinco marchas.
O bom acabamento dos Ford vivia seus tempos dourados,
como se pode ver pelas fotos do modelo 1.6 ano 1980 do médico Sérgio Minervini,
versão LDO, top de linha. Havia também o L, mais simples, e o
"esportivo" GT. O carro chama atenção pelo revestimento interno
monocromático e pelo acabamento cuidadoso. O modelo é da primeira safra dos
Corcel a álcool, carro que viria a se tornar referência no uso desse
combustível tanto pelo funcionamento confiável como pelo baixo consumo e
performance. O Corcel era o único a ter um sistema de partida a frio acionada
automaticamente. Nos outros carros era necessário acionar a bomba manualmente.
O bom acabamento dos Ford vivia seus tempos dourados,
como se pode ver pelas fotos do modelo 1.6 ano 1980 do médico Sérgio Minervini,
versão LDO, top de linha. Havia também o L, mais simples, e o
"esportivo" GT. O carro chama atenção pelo revestimento interno
monocromático e pelo acabamento cuidadoso. O modelo é da primeira safra dos
Corcel a álcool, carro que viria a se tornar referência no uso desse
combustível tanto pelo funcionamento confiável como pelo baixo consumo e
performance. O Corcel era o único a ter um sistema de partida a frio acionada
automaticamente. Nos outros carros era necessário acionar a bomba manualmente.
Na edição de novembro de 1980, QUATRO RODAS publicou um
comparativo entre as versões gasolina e álcool. No teste de consumo, os números
da média ficaram bem próximos, 13,7 e 11,5 km/l, respectivamente.
Surpreendentemente, em algumas situações o carro a álcool gastou menos que o
movido a gasolina, caso da prova de velocidade constante de 40 km/h. A versão a
álcool destacou-se pelo bom torque em baixas rotações. Essa característica foi
desenvolvida a partir de uma pesquisa da Ford que revelou que 82% dos motoristas
não gostavam de "esticar" as marchas, faziam mudanças num regime
inferior a 3500 rpm. Assim como a primeira geração, a segunda também foi
longeva e pouco mudou ao longo de sua existência. Os últimos Corcel foram
fabricados em julho de 1986 e totalizaram a marca de 1,4 milhão de carros
produzidos.
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