segunda-feira, 14 de maio de 2018

Maio Amarelo: um mês dedicado à conscientização no trânsito. O Maio Amarelo é fundamental para mudar o quadro de segurança viária no Brasil. QUATRO RODAS, Leo Super Cars defendem essa boa ideia.

O que é o maio amarelo? - Em uma polêmica recente, Valentino Rossi, uma lenda da motovelocidade, disse que não se sentia seguro em estar na mesma pista com o rival Marc Márquez. Rossi acusava o espanhol de tirá-lo da pista de propósito. Ainda bem que Rossi não pilota pelas ruas brasileiras, senão já teria desistido da sua moto. Principalmente porque os motoristas brasileiros se comportam de um modo que deixaria o italiano de cabelos em pé. Entre gente alcoolizada, imprudente, que fala ou escreve ao celular, dirige com sono ou anda acima da velocidade, a taxa de acidentes causados diretamente pelo jeito como dirigimos chega a quase 65%, segundo dados do Programa Volvo de Segurança no Trânsito (PVST). Ou seja 65% dos acidentes seriam facilmente evitáveis se os brasileiros dirigissem responsavelmente. É por isso que o movimento Maio Amarelo, um mês inteiro de conscientização sobre o trânsito, é tão importante para o país. QUATRO RODAS e LEO SUPER CARS não poderiam deixar de dar todo o apoio possível para tornar mais seguro um dos trânsitos que mais matam no mundo.

O que é o maio amarelo? - Realizado em 27 países, o Maio Amarelo é promovido no Brasil pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), que este ano tem apoio da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O ONSV começou sua campanha em 2013, mobilizando imprensa, fabricantes, governo e sociedade em torno da segurança no trânsito. A abordagem é semelhante à adotada por órgãos de saúde na promoção de meses de prevenção de doenças, como o Outubro Rosa, contra o câncer de mama, o Dezembro Vermelho, contra a disseminação da Aids. Como nestes movimentos, o Maio Amarelo também usa um laço como símbolo, mas amarelo. O ONSV escolheu esse mês por ter sido em 11 de maio de 2011 que a Organização das Nações Unidas (ONU) decidiu que esta seria a Década de Ação para Segurança no Trânsito. A cor simboliza a necessidade de atenção ao problema.Vale lembrar que, ao lado de doenças cardiocirculatórias e de câncer, acidentes são uma das principais causas de mortes no Brasil. Claro que evoluímos de lá para cá. Desde 2012, o número de mortes nas rodovias brasileiras tem diminuído. Caiu de 46.051 em 2012, ano mais sangrento dos últimos dez anos, para 35.708 em 2016, segundo dados preliminares do DataSUS. É uma redução de 22,5%, mas ainda assim o número atual é alarmante. Só para entender o que significa isso, a Guerra do Golfo (1990 a 1991) matou cerca de 40.000 pessoas. Assim, quando se diz que o Brasil vive uma guerra no trânsito, não é exagero. Só na semana entre Natal e Ano-Novo de 2017, morreram mais pessoas em acidentes de carro por aqui do que em um ano inteiro na Suécia (cerca de 300). Com uma população de 127 milhões e uma frota de quase 61 milhões de carros, o Japão perdeu em acidentes pouco menos de 3.700 vidas em 2017. Os exemplos destes dois países mostram o quanto ainda temos a avançar.

Não ultrapasse - A amostragem do PVST, feita apenas com dados de rodovias federais, considerados os mais confiáveis pelo programa, mostra que, das muitas causas de acidentes mapeados, as derivadas do comportamento dos motoristas são as mais letais. Exemplo disso são ultrapassagens indevidas.Apesar de serem responsáveis por 2,41% dos acidentes, elas são causadoras de 7,97% das mortes. Rodar em velocidade incompatível foi a fonte de 12,79% dos acidentes, mas de 14,29% das mortes. O PVST até faz um cálculo próprio sobre as causas. “Quando avaliado o que chamamos de Índice Médio de Gravidade, a causa mais letal foi a ultrapassagem indevida (6,9), seguida pela desobediência à sinalização (5,0). Isso evidencia que a imprudência ao volante e comportamentos inadequados ainda são as principais causas dos acidentes”, diz Anaelse Oliveira, coordenadora do PVST. Ainda há muito chão para coibir as más atitudes ao volante, mesmo com legislação específica para isso, como a Lei Seca. Sancionada em 2008, ela tem resultados controversos. Apesar de teoricamente impedir que motoristas embriagados dirijam, a falta de consistência na fiscalização fez com que mais gente admitisse beber e dirigir de 2015 para 2016, por exemplo. Enquanto 5,5% da população das capitais confessavam que bebiam e dirigiam em 2015, esse índice subiu para 7,3% em 2016. Pode parecer pouco, mas foi um aumento de 32%.

Triste Imagem - Os dados do Vigitel Brasil (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), do Ministério da Saúde, também revelam algo estarrecedor: pessoas com 12 ou mais anos de estudo são as mais propensas a beber e dirigir. Entre elas, 12,3% admitiram que contrariam a lei. É evidente que o índice de fatalidade é preocupante, mas não são apenas as mortes que precisam ser reduzidas. Outra consequência negativa é o número de feridos e inválidos que o trânsito produz. Segundo estudo da Escola Nacional de Seguros (ENS) de 2015, dados do DPVAT indicariam que 52.226 pessoas morreram em decorrência de acidentes. Esses dados do DPVAT apontam que, para os 52.226 mortos em 2014, houve 595.693 inválidos permanentes e 115.446 feridos que se recuperaram completamente. Isso dá, apenas em 2014, um total de 763.365 pessoas afetadas diretamente pela violência no trânsito.

Rombo bilionário- O estudo da ENS também aponta que os acidentes em 2014 deram um prejuízo de R$ 220 bilhões, algo como 4% do PIB. Para ter dimensão do que isso representa, o rombo da Previdência em 2017 foi estimado em R$ 269 bilhões. Com o que poderíamos ter poupado nos acidentes, daria para cobrir boa parte do desequilíbrio no pagamento de aposentadorias. Além de ser uma barbárie, a violência no trânsito mostra também que é um péssimo negócio para o país. Não bastasse isso, o Brasil ainda sofre com estatísticas pouco confiáveis. As 52.226 pessoas que morreram de acordo com o DPVAT, por exemplo, são bem diferentes de outra fonte oficial do próprio governo: o DataSUS indica 44.823 mortes. E não custa lembrar que toda essa tragédia deve estar subdimensionada, pois o que sabemos hoje pode ser um retrato apenas parcial da realidade. O fato de o PVST só lidar com mortes em estradas federais ou de termos apenas informações já muito antigas, diz muito sobre nossa deficiência em ter dados precisos e de modo rápido. O DataSUS dispõe apenas de números preliminares sobre 2016. E nada há ainda sobre 2017 – no Japão, os dados oficiais de 2017 já estão disponíveis há algum tempo. Tudo isso é um problema quando se sabe que todos esses dados são usados para criar estratégias para reduzir acidentes de trânsito. Como se pode notar, o quadro é grave e os meios de diagnóstico são falhos, ainda que não escondam que é preciso tomar medidas urgentes para remediar a situação. Talvez devêssemos ter mais que só um mês de reflexão, mas o ano inteiro. Para ficar amarelos de medo por circular em pistas onde Valentino Rossi não se arriscaria a colocar os pés. E vermelhos de vergonha por termos deixado a coisa chegar a esse ponto. Sempre é tempo de corrigir.

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