terça-feira, 20 de junho de 2017

Lincoln Continental, Projeto pessoal de Edsel Ford, ele alternou altos e baixos em mais de seis décadas de história

A Lincoln surgiu em 1917, quando o executivo Henry Leland deixou a Cadillac para produzir motores aeronáuticos na Primeira Guerra Mundial. Ao fim do conflito, ele começou a fazer carros de luxo: o prestígio dos Lincoln era tão grande que logo caiu nas graças de Edsel Ford, que não mediu esforços para comprá-la e transformá-la na divisão de luxo da Ford em 1922. Criativo, o filho de Henry Ford customizou um Lincoln- Zephyr para seu uso nos anos 30: os estribos foram suprimidos e o capô tornou-se mais baixo e longo. O estepe ficava exposto na traseira, adotando o estilo continental, em voga na Europa. O que parecia um capricho pessoal seduziu todo o círculo social de Edsel: em 1940, nascia o Lincoln Continental.
O novo topo de linha da Lincoln oferecia um V12 de 4,8 litros e câmbio manual de três marchas. Interrompida em 1942, a produção seria retomada após a Segunda Guerra, em 1946, mas também durou pouco. Para correr atrás da Cadillac, a Lincoln desenvolveu um novo topo de linha para 1949: o Cosmopolitan. Mas o nome Continental era forte demais para ser esquecido e ressurgiu como divisão independente em 1956, com destaque para o Mark II, um cupê discreto e elegante. O motor era um V8 6.0 e a qualidade de construção, tão esmerada que arrebatou o cliente mais famoso da Cadillac, Elvis Presley.
Caríssimo e pouco rentável, o Mark II logo foi substituído pelo Mark III, em 1958. Extinta como divisão, a Continental era reabsorvida pela Lincoln, compartilhando sua carroceria espalhafatosa com os demais modelos e eliminando os caros detalhes feitos à mão. Era o maior, mais pesado e mais espaçoso sedã americano da história, mas tinha também o maior motor do mercado: um V8 7.0 de 375 cv.
Com discretas mudanças, o Continental evoluiu para o Mark IV em 1959 e o V em 1960. Até que em 1961 a elegância e a discrição estavam de volta, no Mark VI, com as linhas retas e funcionais que ditaram o estilo por todos os anos 60. Sedã ou conversível, tinha sempre as portas traseiras suicidas. Menor em comprimento e largura, reza a lenda que o design veio de Robert McNamara, após ver o esboço do Thunderbird de quatro lugares: o então presidente da Ford sugeriu o comprimento maior e as portas traseiras, que resultaram nas medidas enxutas que contribuem para a graça de seu desenho minimalista. A elegância se repetia no interior luxuoso, também de linhas retas. O motor ainda era o enorme V8 7.0, agora com 300 cv. As vendas dobraram no ano e continuaram a crescer em 1962. O Continental atravessou a década de 60 com pequenas evoluções, enquanto as vendas continuaram a crescer. Preterido, o conversível saiu de linha em 1968, quando o milionésimo Lincoln era produzido.
Após a quarta geração, o Continental nunca mais teve o mesmo sucesso, carisma e status. A quinta atravessou os anos 70 sem mudanças e sofreu um retrocesso, com a volta do chassi de longarinas e da porta traseira convencional. Perdeu o V8 na sexta geração (1980) e foi ganhando tecnologia, mas perdendo personalidade. A sétima (1982) ficava ainda menor e a oitava (1988) perdia a tração traseira e o V8, compartilhando a base com o Ford Taurus. O V8 voltaria na nona (1995), mas tarde demais para recuperar seu prestígio. O Continental se despediria em 2002, de forma triste e melancólica, sem fazer jus ao brilho de 63 anos de história.
Foi num Continental conversível 1961, que houve um dos acontecimentos mais chocantes da história, foi quando o lendário e amado presidente John F. Kennedy foi assassinado em 22 de novembro de 1963. Após o atentado, o veículo recebeu um teto à prova de balas e permaneceu a serviço da Casa Branca até 1977.
Fonte:http://quatrorodas.abril.com.br

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