sexta-feira, 7 de julho de 2017

Além do M3, conheça as versões esportivas do BMW Série 3 E30 que você não conhecia

O primeiro BMW M3 é certamente uma das criações mais adoradas da divisão Motorsport. Não é à toa: ele tem une desempenho, visual e começou toda uma linhagem de esportivos alemães. Só que nem só de M3 viveu a geração E30, e a gente conhece dois modelos que vão te fazer sonhar acordado — quer dizer, se você for um dos nossos.

Fonte: www.flatout.com.br Fotos: KGF Classic Cars/Flickr (320is), BMW (333i)
Como você já deve saber, o BMW M3 foi desenvolvido como versão de homologação. A BMW queria colocar um carro no Grupo A de corridas de turismo e, para isto, precisava criar uma versão de rua de seu carro de corrida equipado com o motor S14 de quatro-cilindros de 2,3 litros. A divisão Motorsport então criou, em 1986, o M3. O BMW Série 3 com para-choques maiores, para-lamas alargados e aerofólio usava uma versão amansada do S14, que tinha 16 válvulas, comando duplo no cabeçote e corpos de borboleta individuais. Com ele, o M3 ia de 0 a 100 km/h em 6,9 segundos, com velocidade máxima de 235 km/h. Mas você já deve saber tudo sobre o M3 E30. O que você talvez não saiba é que este motor esteve debaixo do capô de um Série 3 que não era M: o 320is, uma versão do Série 3 lançada em 1988 especialmente para a Itália e Portugal.
Nestes dois países, os impostos que incidiam sobre veículos com motor de cilindrada maior do que dois litros eram consideravelmente maiores, o que levou a BMW a criar o 320is como alternativa mais acessível ao luxuoso BMW 325i, que tinha um motor 2.5 de 171 cv.
Sendo assim, o motor S14 que, originalmente, deslocava 2.303 cm³, teve o curso dos pistões reduzido de 84 mm para 72,6 mm. Todo o resto é idêntico ao S14 do M3 — bloco básico do motor M10, que surgiu nos modelos da Neue Klasse, combinado com o cabeçote de 16 válvulas derivado dos motores M88 (que equipava o BMW M1) e S38 (seu sucessor, que esteve debaixo do cofre dos BMW M5 E28 e E34). Outras características especiais — que foram mantidas — eram os corpos de borboleta individuais para cada cilindro, coletores de admissão e escape usinados e virabrequim com oito contrapesos.
Os números de potência e torque eram bem próximos do M3: 194 cv a 6.900 rpm e 21,4 mkgf de torque a 4.900 rpm contra 200 cv a 6.750 rpm e 24,3 mkgf de torque a 4.750 rpm. Na prática, isto se traduzia em 0 a 100 km/h em 7,5 segundos e máxima de 227 km/h — possíveis graças ao câmbio manual, um Getrag 265 do tipo dogleg, que também era o mesmo do M3.
“Então eu podia comprar um Série 3 com aquele mesmo motor girando ainda mais alto e pagar menos por ele?”, você pergunta. E a resposta é “sim, basicamente isso”. Mas não era só isso. Embora usasse um para-choques mais agressivo do que o do Série 3 comum, porém mais discreto do que o do M3, o 320is não tinha para-lamas alargados, rodas mais largas ou uma grande asa traseira. Em vez disso, era um Série 3 mais esportivo, porém com classe — quase um sleeper. Fora a tampa do cabeçote e do filtro de ar, nada no carro identificava seu sangue Motorsport.
O 320is foi oferecido nas versões cupê e sedã. O primeiro teve 2.542 unidades produzidas, enquanto o segundo teve 1.206 unidades — números que fazem dele um carro bem mais raro do que o M3, que teve mais de 16 mil unidades produzidas e vendidas ao redor do mundo.
Mas você quer conhecer um Série 3 E30 ainda mais raro e mais especial?
Certo. Este aí de cima é o BMW 333i, disponível apenas na África do Sul. Ele usa o motor de seis cilindros em linha encontrado nos modelos 533i, 633CSi e 733i. Ou seja: o 333i é um Série 3 com motor de Série 7!
Mas de que motor estamos falando, exatamente? De um seis-em-linha de 3,2 litros (3.210 cm³) que entregava 197 cv a 5.500 rpm e 29 mkgf de torque a 4.300 rpm. Bacana, hein? E o 0-a-100 ficava em 7,2 segundos, com velocidade máxima de 231 km/h. Era basicamente um M3 de seis cilindros, porém criado em 1985 — um ano antes do M3.
Isto aconteceu simplesmente porque os executivos da BMW da África do Sul não quiseram esperar a conclusão do desenvolvimento do M3, e os compradores não estavam contentes com o desempenho do 325i, versão mais potente do Série 3 vendida até então. A primeira providência, então, foi entrar em contato com a Alpina, que forneceu vários componentes — como as rodas de 16 polegadas, pomo da alavanca de câmbio, volante de três raios, painel de instrumentos e coletor de admissão. Os freios com recebiam discos ventilados de 296 mm, também da Alpina, e o câmbio era manual, de cinco marchas, com diferencial de deslizamento limitado na traseira. Além de melhorar o desempenho e contribuir para o visual do carro, a pareceria a Alpina ajudou a baratear os custos de produção, pois tudo ficava mais ou menos em casa.
Imaginamos que, com a frente mais pesada e com a carroceria mais estreita, o 333i não tivesse a mesma excelência dinâmica do M3 na pista. Mas obviamente ele ainda é um BMW, com tração traseira e um belo visual — e certamente deixaria o M3 para trás na estrada. Não nos importaríamos em ter um destes na garagem, mas seria uma tarefa difícil — foram fabricados apenas 204 exemplares entre 1985 e 1987. Para piorar, dizem que vários deles foram utilizados em competições, e não se sabe ao certo quantos deles permaneceram como carros de rua.

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