Quando
foi lançado em 1968, o Ferrari Daytona parecia ultrapassado. Num tempo em que o
revolucionário Miura já não era mais novidade, todo mundo esperava que a
Ferrari também seguisse o que parecia uma tendência irrevogável: a de motor
central-traseiro. Foi um anti-clímax então, quando apareceu esse cupê de motor
dianteiro e transeixo traseiro, uma mera evolução do 275 GTB que substituiu.
Mas toda essa sensação de decepção acabava quando se dirigia o bicho.
O
Daytona era uma declaração clara de um dos mais antigos princípios da Ferrari,
e o mantra pelo qual vivia Enzo Ferrari: poder é tudo. O carro veio com um
enorme V-12 de 4,4 litros e 352 cv, e uma velocidade final próxima dos 300
km/h. A aceleração era avassaladora, com o zero a 100 km/h chegando em apenas 5
segundos. O carro simplesmente trucidava todos os seus competidores
teoricamente mais modernos de motor central, sejam eles Lamborghini Miura, Maserati
Bora ou mesmo qualquer Porsche ou Jaguar. Difícil discutir com fatos
assim.
Junte-se
a isso um estilo original e influente, e tem-se um clássico instantâneo.
Tornaria-se mais famoso ainda quando em 1971, pilotado por Dan Gurney e Brock
Yates (da revista C&D americana), bateu o recorde de travessia dos EUA em
automóvel, durante a famosa corrida clandestina “Cannonball Run” daquele ano.
Ao completar o trajeto em menos de 36 horas de Nova York a Los Angeles, Gurney
disse, brincando de se defender: "Em nenhum momento ultrapassamos 175
mph!" (281 km/h).
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